A Pequena Gourmet está em novo endereço. Clique aqui para acompanhar.
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Penso assim. Orgânico ou envenenado, qualquer tomate na comida é mil vezes melhor que molho enlatado. Nas feiras, vendem os mais maduros para molho por um preço bem menor. Nem precisa chorar descontos para o feirante. Normalmente, o tomate derrete dentro da panela, sem necessidade de tirar a pele antes de usá-lo. Quase sempre desmancha tudo. Isso não quer dizer que nunca uso molho de tomate industrializado. Uma vez ou outra na vida não faz mal. É apenas questão de bom senso. Radicalismos jamais. Tomate é fruta. Uma das favoritas da Júlia. Se um dia morar em casa, quero um jardim com tomates =)
O blog Pequena Gourmet é anterior à banalização do termo gourmet. Nasceu bem antes do divertido "raio gourmetizador" que mostra como é rídiculo querer transformar comidas simples em conceitos complicados, apenas para seguir modismos.
O blog começou em 2011, há quatro anos, por causa da minha vontade de compartilhar experiências em volta da mesa e as descobertas de sabores da minha filha, que desde bebê tem uma alimentação variada e saudável, sempre voltada para o prazer de comer bem.
São oito anos testando e observando o comportamento de uma criança diante dos alimentos.
A Júlia come tudo?
Não.
Ela não gosta de frituras, molhos densos, cremes e tudo mais que mascara os ingredientes naturais.
Por isso, nem sempre é fácil cozinhar para ela.
Em vez de uma torta de banana, ela prefere mil vezes banana cortadinha no prato com aveia.
Em vez de batata frita, ela adora comer batata rosa cozida, sem sal, sem nada.
Em vez de suflê de couve-flor, ela curte o legume cozido no vapor, sem sal, sem azeite.
A Júlia ama frutas, verduras, legumes, proteínas animal e comida de verdade. Ao mesmo tempo que sabe apreciar comidas sofisticadas de chefs que valorizam os ingredientes. Porque desde bebê teve uma alimentação que educou seu paladar para esse tipo de alimentação.
Só por isso, no final de 2014, ela amou jantar com os pais e a avó japonesa no restaurante da Manu Buffara, em Curitiba, onde foi servido um menu de várias entradinhas e 9 pratos sequenciais. Foram mais de 3 horas sentada na mesa, sem ficar cansada, sem reclamar, só compartilhando com a família uma experiência especial.
A Júlia come porcarias?
Sim. De vez em quando, come chocolates e balas, afinal, ela é uma criança e tem uma mãe chocólatra... rs O mais importante é que ela come na medidade certa e não é viciada em açúcar.
A Júlia quer ser chef?
Não. Esse nunca foi o foco da educação do paladar. Eu e o pai dela queremos apenas que ela curta comer bem, aprenda a escolher sozinha os alimentos que fazem bem, saiba identificar bons restaurantes e fugir das enganações e, principalmente, na vida adulta tenha noção de como fazer pratos gostosos para ela e os filhos. Porque isso, sim, é ser uma pessoa independente de verdade.
Polenta, Figo e nata (fubá com camuru, confit de figo e nata com lactobacilos vivos) no restaurante Manu Buffara, em Curitiba.
Vieira, melancia e flores. Meu degustação do restaurante Manu Buffara.
Júlia e a chef Manu Buffara, na última noite de jantar do restaurante em 2014.
Rende dois bolos redondos de 23 cm (pode ser na casa da Alice, mas em casa só rende um).
Preaqueça o forno a 175º C.
Unte a forma e enfarinhe , retirando o excesso.
Separe gemas e claras de: 4 ovos.
Meça: 1 xic. de leite.
Peneire e meça:
3 xic. de farinha especial para bolos.
Junte: 4 colheres de fermento em pó + 1/2 colher de sal.
Em outra tigela: bata até que fique leve e fofa 1 xix. de manteiga amolecida.
Acrescente: 2 xic. de açúcar.
Bata em creme até ficar leve o fofo.
Incorpore as 4 gemas, uma de cada vez, batendo levemente. E junte: q colher de extrato de baunilha.
Quando estiver bem misturado junte alternadamente a mistura de farinha e o leite. Misture apenas até a farinha ficar incorporada.
Em outra tigela, bata as claras em neve até formar picos suaves.
Junte um terçodas claras à massa, depois incorpore delicadamente o resto. Despeje a massa na forma preparada e asse até um palito espetado no meio do bolo sair limpo, algo como 30 e 40 minutos.
Licença poética.
Nessa exata receita, tomei a liberdade de colocar mais ou menos uma xícara de chocolate em pó solúvel 50% cacau da Garoto, até ficar na cor que eu queria. Deu certo também.
A cobertura foi com açúcar confeiteiro espalhado com a peneira.
Ficou bacana com granulado de chocolate por cima.
Desde bebê, a Júlia ama ervilha torta. Então qual a chance dela gostar de um restaurante chamado Piselli, que em italiano significa ervilha, e traz ervilhas em todos os pratos?
Foi lá que fomos jantar semana passada e provamos delícias como pé de porco empanado (tão bom quanto o Boulud de lingüiças em NY, segundo o pai da Júlia), carne de centolla generosa desfiada e ovas de arenque sobre uma cama de folhas e polenta com salsicha de javali picante. Como pratos principais, pedimos pasta negra (com anéis de lula, abobrinha, bottarga de tainha) e uma tagliata di prime assada no forno à lenha.
No final, a Júlia elegeu a polenta e a carne como os melhores pratos da noite. Estavam todos incríveis, mas como ela não curte frituras, deixou o porco de lado. Já a pasta com lulas não a atraiu porque ela sempre troca qualquer massa por carne, especialmente se vier quase sangrando. Foi uma noite muito agradável. Ainda mais com tanta comida boa acompanhada de atendimento primoroso.
Alimentação infantil não precisa ser um tema chato sobre verduras escondidas dentro de gororobas que nem adultos ousam comer.
Há quatro anos, venho falando sobre isso com o projeto Pequena Gourmet, que defende a gastronomia como caminho para que as crianças comam direito e por amor à boa comida.
Para que elas desenvolvam o paladar de forma que consigam optar sozinhas por uma alcachofra em vez de batata frita.
O Bill e eu levamos a Júlia desde bebê em bons restaurantes (alguns até estrelados) e a experiência com o Chef Daniel Boulud no vídeo abaixo mostra como pode ser divertido e prazeroso comer bem desde cedo.
Claro que não é preciso ir tão longe para isso, até porque, mesmo depois de jantar em dois restaurantes do Thomas Keller, a Júlia ainda prefere a comida da mamãe :- )
O Rascal é um clássico em São Paulo. Os anos passam, mas o padrão da comida se mantém. Não é um lugar da moda, comida elaborada ou pratos memoráveis. Mesmo assim, é um restaurante que a Pequena Gourmet gosta desde muito pequena, especialmente por causa das saladas e das minipizzas do buffet.
Ontem, entre os pratos quentes, havia rabada. O prato ficou lindo: os ossos marrons, a carne suculenta e nhoque de mandioquinha para acompanhar. Todos ingredientes que a Júlia gosta. Levei toda feliz para a mesa, já que a pequena ama rabada, e depois de uma, duas e três garfadas: mãe, não gostei!! Tentei então dividir com ela o ravioli verde com recheio de queijo, mas também não deu certo.
Definitivamente, a Júlia não é fã dos pratos quentes do Rascal. No entanto, o buffet de saladas e frios, tem uma variedade incrível que agrada seu paladar: endívias, tomates cerejas perfeitos (que não se encontra em supermercado nenhum), alfaces, folhas mescladas, presunto cru, queijo parmesão de qualidade, azeitonas e muitas outras opções.
Para beber, ela pediu um suco de melancia que, por sinal, estava aguado e foi prontamente recusado. O mais legal é que no Rascal os garçons são pacientes e não questionam o cliente. Veio então, em substituição, um suco de laranja.
Na hora da sobremesa, deixamos a Júlia escolher. Como agora já sabe ler o cardápio, tem capacidade de cruzar os olhos de cima para baixo imaginando os sabores de cada item. Garçon, por favor, creme de papaia sem cassis.
Para encerrar, pediu um chazinho de hortelã fresco, preparado na própria mesa. Fomos embora felizes, porque, mesmo deixando de lado os pratos quentes, a Júlia comeu muito.
O Rascal recebe bem as crianças. Isso é muito legal. Uma vez, pedimos macarrão al dente para a Júlia e, acreditem, mesmo no esquema de buffet, fizeram a massa para ela separadamente.
Serviço em restaurantes sempre faz diferença. Com criança, isso conta mil vezes ainda mais. Quem tem filhos, certamente concorda.
Há alguns meses comprei "Crianças Francesas Comem de Tudo", da Karen Le Billon, um best seller com o tema que aflige milhares de mães mundo afora. Não dei muita bola, porque imaginei que seria o blablalá de sempre.
Surpresa. Não é.
Devorei o livro em uma noite, marcando uma série de ideias que fazem parte da vida da pequena gourmet. Obs.: geralmente não marco NADA em livros porque acho feio.
De tudo que li nesses últimos anos sobre alimentação infantil, este livro é de longe o que faz mais sentido para mim.
A autora traz algumas "regras de ouro" que basicamente seguimos aqui em casa. Vou resumir.
1. Pais e mães são responsáveis pela educação alimentar dos filhos.
2. Evite comer por motivos emocionais. Comida não é chupeta, nem suborno.
3. As crianças comem o que os adultos comem.
4. A comida é social e deve ser feita com a família.
5. Não coma o mesmo prato mais de uma vez por semana. (Crianças enjoam.)
6. Você não tem que gostar, mas precisa experimentar.
7. Limite os petiscos e nunca menos de uma hora antes das refeições. (Eu acho que criança tem que comer de 3 em 3 horas.)
8. Não se apresse para cozinhar, nem para comer. Uma refeição lenta é feliz.
9. Coma principalmente comida caseira de verdade. Qualquer alimento industrializado não é comida "de verdade".
10. Comer é algo prazeroso, não estressante. Trate as regras alimentares como hábitos, não como normas rígidas.
Em outra parte do livro, a autora cita 3 princípios da cultura gastronômica francesa que também compartilho.
1. Convivência - comer junto com os filhos faz toda diferença.
2. Gosto - os franceses dedicam bastante tempo para que tudo seja gostoso, inclusive para crianças muito pequenas.
3. As 10 regras de alimentação que citei acima, uma por uma, sobre quando, quanto e como a comida é consumida.
Mesmo não sendo franceses, eu e meu marido pensamos exatamente assim. Logo, as crianças francesas tem muito a ver com a brasileiríssima pequena gourmet.
Acredito que a alimentação dos filhos tem mais a ver com os pais do que com o país - a diferença é um acento agudo =)
Claro que morar na França ajuda porque lá é o berço da refinada gastronomia ocidental, onde inclusive surgiram os primeiros críticos de comida e comer é quase uma religião.
Recomendo a leitura do livro, mas já vou adiantando para quem sofre com a questão da alimentação: não espere soluções mágicas, porque as regras de ouro dependem apenas da forma de viver dos pais.
E quem disse que as pessoas não podem mudar? Ou que isso não vai ser interessante? Ora, nunca é demais experimentar.
De onde vem tanta paixão por pinhão senhorita Júlia? Será um lado do DNA que veio do Paraná? Onde sua mamãe, quando pequena, comia pinhão cozido ou assado na chapa do fogão a lenha? O mais legal foi outro dia a sua madrinha mandar pinhão já cozido pelos Correios para você. Quanto amor. Que luxo. Delicadezas assim são incríveis, não?
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