Pequena Gourmet

Ovo assado.

O pai da Júlia e eu resolvemos fazer um bolo tarde da noite, mas nem todos ingredientes estavam com temperatura ambiente como pede a receita da Alice Waters.
Então uma brilhante ideia: deixar os ovos na grade do fogão com o forno aceso. Só que... esquecemos dos ovos e quando fomos ver (quase uma hora depois) eles já estavam simplesmente cozidos! A gema ainda mole parecia um ovo de 3 minutos. Claro, comemos tudo. O sabor tinha um gostinho de assado, delicioso.
A qualidade dos ovos ajudou: eram frescos e caipiras. Isso é importante em se tratando de ovos. (Eu evito comprar em grandes supermercados, onde estão sempre prestes a vencer.)
No Google achei ovo assado mas apenas sem casca, dentro do forno.
Depois de comer os ovos, decidimos fazer o bolo com ovos gelados mesmo. Desculpe, Alice Waters, mas já era uma da manhã e no final o bolo ficou ótimo mesmo assim.

Asinha assada

Comer bem é tão fácil. Asinha assada é um exemplo disso. Coloque na panela sal, pimenta da Jamaica, alho, cebola, cominho, água e vinho tinto e cozinhe até derreter. Tomilho, pitadas de açúcar e de pimenta síria vão bem. Em seguida misture as asinhas para absorver os temperos. Depois, coloque para assar no forno aquecido. Existem muitas versões de receitas detalhadas na internet. Aposto que todas são uma delícia. Para dar um toque original, sirva com arroz de jasmim e salada de folhas.

Sobre pimentas e crianças coreanas.

Quando pergunto aos amigos coreanos como foi sua introdução às comidas apimentadas, eles olham como se fosse a coisa mais natural do mundo para uma criança.

E claro que é.

Comida, antes de tudo, tem a ver com aspectos culturais e vivência. Percebo isso claramente com a Júlia, que desde pequena foi iniciada nas cozinhas chinesa e japonesa. Com a coreana ela tem contato eventual, por isso não curte muito e se intimida com os sabores extremamente picantes.

Em nossa recente viagem para Los Angeles ficamos por acaso em Koreatown, no coração de downtown, e fomos a um restaurante que fica pertinho dali: o Seongbukdon, segundo o LA Times, um achado. 

Mesa farta, gostosa e por um preço justo.

Pedimos vários pratos e alguns clássicos, como o bi bim bap com ovo frito! A costela, cortada com tesoura, estava tenra e absolutamente saborosa. A supresa foi o potinho com salada de batatas com maionese. Como? Esse prato é um clássico da nossa família, no lado gaúcho e alemão! :-)

Já era final da noite e, antes de irmos embora, ganhamos um caloroso thauzinho da dona e cozinheira, uma graciosa senhora com carinha de avó, reforçando a nossa sensação de "comfort food".

Com certeza, os filhos dela e as crianças que estavam lá foram criados com pimentas desde o leite materno. A Júlia experimentou todos os pratos, tomou a sopinha até o final, mas ainda falta intimidade com as pimentas para dizer que gostou. 

 

Bom final de semana com a canção do momento aqui em casa.

On the road.

Os penhascos do Big Sur diante do Pacífico são assustadoramente lindos. Quem me dera descrever a alma desse lugar - em que floresta, água e pedra formam uma paisagem apenas inesquecível - como Jack Kerouac.

Claro, isso não é para qualquer um. Mesmo assim, eu me atrevo a contar um momento inesquecível que vivemos nessa estrada legendária.

Depois de andar horas pela Highway 1, de São Francisco até Santa Barbara, paramos em um restaurante de estrada. Era uma casinha de madeira bucólica com vista para aquela imensidão azul. Nenhuma expectativa em relação à comida. Mesmo assim, a Júlia topou experimentar uma sopa quentinha de tomate que, no final, ela avaliou como gostosa, inclusive porque não sobrou nada no prato! Da janela do restaurante, dava para ver o dia acabando, com o sol dando um lento tchau sobre o mar. Lá embaixo, as ondas se quebrando na areia branca em grande fúria. Well, como não ser poético em um lugar assim?

- Júlia, minha filha, isto é poesia. 

62400 Highway 1 Big Sur. Parada obrigatória para ter aquela sensação gostosa de mostrar o mundo para os filhos.

 

Caranguejo na cidade das sardinhas.

Monterey é pequena, antiga e tem um dos aquários de água salgada mais lindos do mundo que fica em uma antiga fábrica de sardinhas. Passeio obrigatório. Um acervo gigante de peixes que foram salvos de virar sashimi, entre outras formas de vida marinha.

Então, sem pensar muito, fomos jantar em um restaurantezinho simpático no pier (Old Fisherman's Grotto) e tivemos sorte, ao contrário de Santa Bárbara, onde caímos em uma armadilha para turistas. Sim, isso aconteceu e saiu uma nota.

Já em Monterey, jantamos caranguejo de verdade, "dungeness crab", tamanho extra large, com quinoa: estava perfeito. 

O caranguejo dungeness é o rei da Costa Oeste, encontrado nas águas frias do Oceano Pacífico. O crustáceo de seis patas é um alimento popular, especialmente na temporada que vai de dezembro até a primavera. Em termos de sabor, ele é um pouco mais doce do que os outros caranguejos e geralmente não tem cheiro de mar.

A Júlia é simplesmente maluca por caranguejos há muito tempo, mas até hoje, em termos de tamanho, nada superou aquele que comemos em Saussalito na viagem anterior. Sério, aquele parecia um monstro transgênico... rs

A foto ficou horrível, sorry, porque a luz "romântica" do restaurante não ajudou em nada e também porque fotografia de comida real é assim: tem que ser rápida antes que tudo esfrie. Mas acho que ao menos dá uma ideia do caranguejo que reina na Costa Oeste e a carinha de espanto da Júlia.

Comida asiática em San Francisco. Desculpe aí se este post deixar você com fome... :-)

Neste carnaval, lá fomos nós para a Califórnia de novo. O roteiro foi diferente do ano passado e, consequentemente, as comidas também. 

Viajar com a Júlia é ótimo. É uma grande companheira em todos os momentos, até no avião, considerando um percurso que levou de São Paulo a San Francisco quase 18 horas (desde a saída de casa até a chegada no apartamento que alugamos via airbnb). Mesmo a comida da American Airlines não sendo grande coisa, ela não passou fome: comeu aquela gororoba sem reclamar.  

Chegamos famintas e, em uma semana de viagem - entre SF e Los Angeles -, deu para conhecer restaurantes orientais incríveis que iam surgindo pelo caminho, com ou sem referências.

A primeira refeição em San Francisco foi um almoço no Mifune Bistro, um japonês pertinho da casa de uns amigos. Já era meio tarde e não havia muita opção. Mesmo assim, foi legal. Para começar a viagem nada como um soft shell crab.

Em San Francisco, o melhor de todos foi o Hong Kong Lounge II. Sem dúvida, queremos voltar lá muitas e muitas vezes, porque mesmo comendo vários pratos, ficamos com vontade de provar todos os outros. Não conheço nenhum menu parecido em São Paulo. Os pratos são sofisticados no sentido do preparo, sabores e aromas. Desde os bolinhos de massa folheada até o bolo de pão de ló no vapor. 

Massinha levemente crocante com molho agridoce de porco e cogumelo!

Mais de dez pratos para 3 adultos e a Júlia, que no final disse q preferiu os aspargos. Simples, ela não curte massas nem frituras. Bem, ela poderia ser filha da Alice Waters... já os pais adoraram TUDO!!

Não gostou, mas ao menos provou...

O menu é assim...

Júlia e sua filha "Ivy" no Hong Kong Lounge II. Crianças são bem-vindas!

Ficamos apenas dois dias na cidade e ainda tivemos a oportunidade de provar a comida caseira preparada pela Manti, uma vietnamita e amiga nossa que mora no Vale do Silício. Antes de sairmos da cidade, paramos aleatoriamente em um tailândes simples e gostoso, mas nada assim especial para lembrar do nome ou voltar. A viagem estava apenas começando.

Restaurantes "chatos", não recomendados pela Júlia.

Passei mal de rir ao ver a Júlia fazendo uma lista dos restaurantes mais chatos. Cada um merece uma explicação. 

1) Lansonete da Sidade: ela não curte mesmo a Lanchonete da Cidade, mas os pais adoram, portanto precisa ir com eles de vez em quando.

2) "Lancitus": definitivamente não gosta da comida do Lanchitus.

3) "Levan": é o Le Vin: disse que não gosta de almoçar lá, mas jantar tudo bem.

4) "Xifu": depois que a dona do Chi Fu cobrou a rã que não comemos, eu e ela ficamos com birra do lugar, mas a diferença é que a birra dela não passou ainda ao contrário da minha. Disse que o lugar é "bocó"... rs

5) "Japonês aniversário": é na verdade um restaurante chinês tradicional da Liberdade onde foi celebrado um aniversário de família. Ela não comeu nada e, no final, ao ver todos os pratos com os mesmos restos gordurosos de molho de shoyo com maizena eu também senti repulsa.

6) "Etaliano Carne": é o Italy na Oscar Freire, onde ela comeu um bife ancho e reclamou que não era igual ao Fogo de Chão.. enfim...

7) "Restaurante com pimenta": um coreano que os pais adoraram em Los Angeles e ela nem tanto.

Falei para fazer uma lista com os favoritos, mas a Júlia disse que só importa aqueles onde ela NÃO quer ir. 

Chicken Rice - pequena gourmet style

Pequena Gourmet Style.

Ingredientes:

300g de peito de frango cortado em tirinhas

4 dentes de alho esmagados

uma pitada de cominho

sal

pimenta do reino

azeite

1 cebola roxa picada

uma pitada de merken

uma pitada de pimenta rosa

1/2 x'icara de arroz

1 tomate picado

1,5 xícara de água

4 ovos

Preparo:

Misture o frango, metade do alho, sal, as pimentas, cominho, metade da cebola e um pouco de azeite em uma bacia e deixe marinar por pelo menos 30min.

Numa frigideira funda, refogue o restante do alho e da cebola em azeite até ficarem levemente refogados. Adicione o frango com toda a marinada junto com o arroz e refogue até o frango começar a pegar cor. 

Quando o frango corar, adicione o tomate e refogue até o tomate derreter. Mexa constantemente para não queimar. 

Adicione a água e baixe o fogo.

Quando a água começar a secar, revolva o arroz uma última vez e coloque os ovos delicadamente sobre o arroz e tampe a panela por alguns minutos dependendo do ponto desejado do ovo (2 min a 5 min). Sirva imediatamente.

 

Camarões, crianças e Fernando Pessoa: misture tudo. É Natal.

Este ano a nossa ceia de Natal foi na casa de um dos tios da Júlia, o Marcel. Apesar da altíssima concentração de japoneses, o prato principal da noite foi espanhol: uma paella.

Nada de peru, chester, farofa, arroz branco. Os frutos do mar reinaram, especialmente os camarões e lagostins gigantes. Não me perguntem a receita da paella porque nem cheguei perto do fogão. Apenas sei que a panela ocupou quatro bocas do fogão! 

A Júlia comeu pra caramba a na madrugada até passou mal. Mas pelo menos acordou bem e recuperada para o almoço: churrasco, carne mal passada. Do jeito que ela mais gosta.

Hoje, na hora de fazê-la dormir, expliquei novamente o significado do Natal, que não se restringe a presentes, nem comidas e bebidas.  É o aniversário do menino que completou 2013 anos e é lindamente descrito por Fernando Pessoa. 

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

Feliz Natal - com atraso ou adiantado para ano que vem :-)